Plantando secas: o lago gigante na África que a agricultura sugou | Land Portal

Após décadas de práticas agrícolas ruins, Lago Chade desaparece, gerando uma onda de fome, migrações, conflitos por terra e fortalecimento do terrorismo

O lago Chade, um corpo d'água gigante compartilhado por 4 países africanos - Nigéria, Niger, Chade e Camarões - secou finalmente, após anos de alertas científicos e projetos de cooperação internacional fracassados. A agricultura não sustentável é a principal causa, e seu impacto foi agravado por barragens inadequadas e pela intensificação das mudanças climáticas, que reduziram os volumes de chuvas drasticamente. 

A bacia do lago Chade sempre foi um elemento fundamental para o abastecimento não apenas dos quatro países que margeiam o lago, mas também para Argélia, República Central Africana, Líbia e Sudão. Em uma região de clima quente e seco, sua importância econômica é óbvia. 

Desde os tempos pré-históricos o volume do lago apresenta grande variabilidade, uma indicação clara de que o lago é um sistema hídrico frágil que sempre dependeu de uma gestão rigorosa dos recursos hídricos. Sem ela, grandes latifúndios tiveram historicamente acesso privilegiado à água para irrigação de grandes monoculturas, em detrimento das comunidades de pescadores artesanais e pequenos agricultores.  

Na década de 1960, a área do lago variava entre em torno de 24 mil km². No começo deste século, era de 4 mil km². Em 2008 suas dimensões eram de cerca de 2,5 mil km². Agora a superfície do lago mede 1350 km², mas sem água.

Restou a spirulina, uma microalga que pode ser usada como alimento. Apesar de nutritiva, a alga verde azulada não pode evitar a crise de fome que afeta uma lista crescente na casa  dos milhões de pessoas. 

Imagens geradas pelos satélites Landsat 5/EUA (1984) e Copernicus Sentinel-2A/ESA (2018) mostram dois momentos do lago Chade: em 6/11/1984, com mais água (imagem mais amarelada) e com menos água e mais algas (grande mancha verde à esquerda) em 31/10/2018 

Menos água, mais fome

A fome não traz coisas boas. Na bacia do Lago Chade ela levou ao surgimento de movimentos extremistas conservadores que usam o terrorismo como forma de impor suas ideias. O mais destacado grupo violento na região é o extremista islâmico Boko Haram, especialmente perigoso para mulheres e crianças.

Quanto menos água, mais pobreza, e mais a população depende de milícias armadas. E a própria existência de conflitos impede que medidas de mitigação sejam adotadas no território. 

"A mudança climática não é a fonte de todos os males, mas tem um efeito multiplicador e é um fator de agravamento da instabilidade, conflito e terrorismo", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a situação crítica na região do lago. 

Mitigação e adaptação

É muito mais difícil consertar problemas ambientais do que evitá-los. E no caso da falta de água, a adaptação não é uma opção. Mas algumas formas de mitigação da secura do lago Chade são estudadas hoje, como a transposição das águas da bacia do rio Congo ou a extração e transposição das águas do aquífero Nubian Sandstone. Mas muitos cientistas alertam que essas medidas podem não ser efetivas. E pior: elas podem agravar outros conflitos pelo uso da água na região do Sahel. Este artigo em inglês apresenta alguns argumentos. 

A tragédia do Lago Chade é um alerta: a agricultura depende da água, por isso deve produzi-la e não sugá-la até a última gota. 

 

 

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