Cabo Verde defende com “unhas e dentes” o debate da questão das “perdas e danos” na Conferência do Clima que decorre em Sharm el Sheikh, no Egipto. Um dossier que ao longo dos anos tem vindo a ser adiado e que agora se encontra no centro de debate. Na COP 27 Cabo Verde pediu ainda a conversão da dívida pública em “investimento climático".
A participar na Convenção das Nações Unidas sobre o Clima está Cabo Verde, que este ano traçou uma estratégia baseada na mitigação, perdas e danos e adaptação e financiamento. Nos últimos anos Cabo Verde tem sido muito fustigado por fenómenos climáticos que representam grandes prejuízos económicos para o país.
Na sua deslocação a Sharm el Sheikh, o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, defendeu a possibilidade de os pequenos estados insulares em desenvolvimento converterem a dívida pública em “investimento climático". O chefe de Estado sublinha que a concretizar-se esta medida “estaremos a criar condições para termos melhores condições de vida em África”.
Carlos Moniz, Ponto Focal de Cabo Verde junto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês), em entrevista à RFI explica que o arquipélago integra o grupo de trabalho africano para a questão das “perdas e danos”: “Cabo Verde tem defendido esse dossier com ‘unhas e dentes’. Desde Varsóvia que se falava nas ‘perdas e danos’”, mas foi sempre sendo “empurrado para a frente”. Pelo facto da COP se realizar num país africano, "pode ser que Sharm el Sheikh seja a cidade de algumas decisões. Pode ser que haja alguma luz no fundo do túnel. Não acredito que seja tudo aqui resolvido e que vai haver algum texto relativo a perda de danos, mas penso que vai-se dar um grande avanço para que no Dubai, na COP 28 se feche esse processo”.
Numa altura em que os diferentes relatórios dão conta de cenários não muito animadores no que ao aquecimento global diz respeito, Carlos Moniz refere que “a esperança é a última a morrer. Na primeira semana [de COP] tivemos algumas movimentações. COP é África e África tem que fazer de tudo para que esta COP seja de referência. Uma COP com decisões, que dê luz aos países em vias de desenvolvimento, que dê esperança para a humanidade e para o planeta. Uma COP que dê esperança para tudo e todos que amam o mundo e a natureza.”