Foto: CES
Apresentação
As escolas ‘Ecologias Feministas’ são espaços de reflexão colectiva sobre saberes e práticas de mulheres de diferentes realidades, de forma a articular velhas e novas resistências e imaginar alternativas. É um espaço de aprendizagem que pretende ultrapassar os limites estruturais do pensamento académico, estabelecendo um diálogo horizontal com os saberes que se cozinham nas panelas do quotidiano, que brotam das lágrimas de raiva das mulheres que lutam pelos seus direitos, que se tecem entre redes de apoio mútuo e de reciprocidades não simétricas entre elas.
Partimos de uma análise feminista na qual afirmamos que existem três grandes sistemas de opressão que actuam em conjunto articulando-se. São eles o capitalismo, o colonialismo e o heteropatriarcado. Cada um destes sistemas reforça o carácter destrutivo e violento dos demais. Actualmente, o capitalismo revela a sua face mais selvagem ao pilhar os recursos naturais, os bens comuns da humanidade, ao explorar intensamente as pessoas e a sua força de trabalho, ao alimentar a voraz indústria da guerra e ao poluir o planeta, tornando cada vez mais inviável o direito a viver em paz e com dignidade. O capitalismo e o heteropatriarcado continuam a impor à maioria das mulheres a obrigação de realizar todo o tipo dos trabalhos do cuidado lar e na comunidade, sem remuneração nem reconhecimento. Porém, argumentamos que são estes trabalhos incansáveis de cuidar que produzem e garantem, incessantemente, as condições sem as quais a vida não poderia acontecer. Por isso afirmamos que os trabalhos dos cuidados são os mais produtivos de todos. Sabendo isso, o capitalismo, desde a sua génese apropriou-se deles remetendo-os para a esfera do privado inventando a ‘dona de casa’ devotada à sua própria opressão, acreditando que não pode fugir desta sua ‘natureza’ e que trabalha todas as horas necessárias sem reclamar pagamento e agradecimento. Por outro lado, invisibilizou ou mercantilizou a baixo preço todos os demais trabalhos de cuidado no âmbito da comunidade, mais uma vez realizados por mulheres; do cuidado com os seres não-humanos do entorno; da produção de alimento; e da manutenção dos sistemas ecológicos que nos permitem continuar a viver na nossa Casa Comum, a Terra. Assim, estabeleceu a base da acumulação capitalista que continua a ser um privilégio dos 1% contra os 99% (Shiva, 2019). Reitera todos os dias a inferioridade das mulheres tanto social como simbolicamente e procura domesticar as ideias feministas e os seus movimentos que, com enorme potencial subversivo, dedicados à transformação radical da vida quotidiana (Federici, 2020: 255) lutam por alternativas substantivas ao apartheid ontológico, social patriarcal.
Esta Escola que vai na sua quinta edição, é composta por um ciclo de seminários em formato digital dedicado ao aprofundamento de debates sobre economias feministas camponesas como um terreno, a partir do qual, emergem alternativas de luta e resistência em contextos que foram produzidos como desprovidos de qualquer substância ontológica e epistemológica pelo capitalismo colonial e patriarcal. Deste modo, interrogaremos tanto os conflitos pela terra que ameaçam as práticas e os saberes ali existentes e alimentados por gerações de mulheres; os discursos que ainda hoje insistem em as ver como objectos de estudo e de intervenção e salvação, como também os seus conhecimentos e práticas para uma renovação conceptual e social do cuidado e da vida que vale a pena ser vivida.
Na sua diversidade, muitas mulheres camponesas têm vindo a construir alternativas à governação ambiental neoliberal propondo uma ética do cuidado como horizonte ético-político (Arriagada & Zambra, 2019). É uma ética fundada em tudo o que foi descartado como inferior, subsidiário e sem densidade ontológica: o cuidado com a vida em todos os âmbitos da existência.
Queremos contribuir para uma teoria política e económica feminista impregnada de elementos simbólicos, culturais, práticos e teóricos retirados das experiências ancestrais dos povos e que resiste às lógicas do capitalismo e do conhecimento extractivista no sul e no norte (Gargallo Celentani, 2015). Ao imaginarem e desenvolverem as suas lutas e resistências, as mulheres camponesas estão conscientes das contradições do nosso sistema anti-vida que permeia as sociedades e as suas relações, tanto nas zonas rurais como urbanas. As economias que geram baseiam-se em poli-racionalidades prático-transformadoras que une mulheres e homens para realizar, nos seus quotidianos marcadamente contextuais, exercícios de criação, formação e ampliação de conhecimentos para, as quais, os corpos não são objeto de apropriação, nem de exploração e dominação, e a natureza não é o ambiente onde vivem os seres humanos, mas a matriz pluriversal e vital sem a qual a sua existência não seria possível e não teria sentido (Cunha & Valle, 2019).
Presentación
Las escuelas de 'Ecologías Feministas' son espacios de reflexión colectiva sobre los saberes y prácticas de mujeres de diferentes realidades, con el fin de articular viejas y nuevas resistencias e imaginar alternativas. Es un espacio de aprendizaje que pretende superar los límites estructurales del pensamiento académico, estableciendo un diálogo horizontal con los saberes que se cocinan en las ollas de la vida cotidiana, que brotan de las lágrimas de rabia de las mujeres que luchan por sus derechos, que se tejen entre redes de apoyo mutuo y reciprocidades no simétricas entre ellas.
Partimos de un análisis feminista en el que afirmamos que existen tres grandes sistemas de opresión que actúan en conjunto y se articulan. Son el capitalismo, el colonialismo y el heteropatriarcado. Cada uno de estos sistemas refuerza el carácter destructivo y violento de los demás. Hoy, el capitalismo está revelando su rostro más salvaje al saquear los recursos naturales, los bienes comunes de la humanidad, al explotar intensamente a las personas y su fuerza de trabajo, al alimentar la voraz industria de guerra y al contaminar el planeta, haciendo cada vez más inviable el derecho a vivir en paz y dignidad. El capitalismo y el heteropatriarcado siguen imponiendo a la mayoría de las mujeres la obligación de realizar todo tipo de trabajo de cuidados en el hogar y en la comunidad, sin remuneración ni reconocimiento. Sin embargo, sostenemos que son estos incansables trabajos de cuidado los que producen y garantizan, incesantemente, las condiciones sin las cuales la vida no podría suceder. Por eso afirmamos que los trabajos de cuidados son los más productivos de todos. Sabiendo esto, el capitalismo, desde su génesis, se los ha apropiado, relegándolos a la esfera privada, inventando al "ama de casa" dedicada a su propia opresión, creyendo que no puede escapar de su "naturaleza" y que trabaja todas las horas necesarias sin reclamar pago y gratitud. Por otro lado, invisibilizó o mercantilizó de forma barata todo otro trabajo de cuidados dentro de la comunidad, una vez más realizado por mujeres; el cuidado de los seres no humanos del entorno; producción alimentaria; y el mantenimiento de los sistemas ecológicos que nos permitan seguir viviendo en nuestra Casa Común, la Tierra. Así, estableció la base de la acumulación capitalista que sigue siendo un privilegio del 1% frente al 99% (Shiva, 2019). Reitera cada día la inferioridad de las mujeres tanto social como simbólicamente y busca domesticar las ideas feministas y sus movimientos que, con un enorme potencial subversivo, dedicados a la transformación radical de la vida cotidiana (Federici, 2020: 255) luchan por alternativas sustantivas al apartheid ontológico, social y patriarcal.
Esta Escuela, que se encuentra en su quinta edición, está compuesta por un ciclo de seminarios en formato digital dedicados a la profundización de los debates sobre las economías feministas campesinas como terreno, desde el cual emergen alternativas de lucha y resistencia en contextos que fueron producidos como desprovistos de cualquier sustancia ontológica y epistemológica por el capitalismo colonial y patriarcal. De esta manera, cuestionaremos tanto los conflictos por la tierra que amenazan las prácticas y saberes que allí existen y que son nutridos por generaciones de mujeres; los discursos que aún hoy insisten en verlos como objetos de estudio, intervención y salvación, así como sus saberes y prácticas para una renovación conceptual y social del cuidado y de la vida que vale la pena ser vivida.
En su diversidad, muchas mujeres campesinas han ido construyendo alternativas a la gobernanza ambiental neoliberal proponiendo una ética del cuidado como horizonte ético-político (Arriagada y Zambra, 2019). Es una ética basada en todo lo que ha sido descartado como inferior, subsidiario y sin densidad ontológica: el cuidado de la vida en todos los ámbitos de la existencia.
Queremos contribuir a una teoría política y económica feminista impregnada de elementos simbólicos, culturales, prácticos y teóricos extraídos de las experiencias ancestrales de los pueblos y que resista las lógicas del capitalismo y los saberes extractivistas del sur y del norte (Gargallo Celentani, 2015). Al imaginar y desarrollar sus luchas y resistencias, las mujeres campesinas son conscientes de las contradicciones de nuestro sistema antivida que permea las sociedades y sus relaciones, tanto en el campo como en la ciudad. Las economías que generan se basan en poli-racionalidades práctico-transformadoras que unen a mujeres y hombres para realizar, en su cotidianidad marcadamente contextual, ejercicios de creación, formación y expansión de saberes para los cuales los cuerpos no son objeto de apropiación, explotación y dominación, y la naturaleza no es el entorno donde viven los seres humanos, sino la matriz pluriversal y vital sin la cual su existencia no sería posible y no tendría sentido (Cunha y Valle, 2019).
Condições de Participação
A participação é gratuita, mas a inscrição é obrigatória.
Para se inscrever cada pessoa, para além dos dados biográficos, terá que apresentar uma curta carta de motivação, declarar o seu compromisso de participar activamente, em pelo menos 80% das sessões síncronas, condição para obter um certificado de participação, e declarar compreender que as sessões serão realizadas em Português e Espanhol.
La participación es gratuita, pero la inscripción es obligatoria.
Para inscribirse, cada persona, además de sus datos biográficos, deberá presentar una breve carta de motivación, declarar su compromiso de participar activamente en al menos el 80% de las sesiones sincrónicas, condición para obtener un certificado de participación, y declarar que comprende que las sesiones se desarrollarán en portugués y español.
Ficha de candidatura - Formulario de candidatura [AQUI]