Dados divulgados durante a conferência referentes a 2014 e 2015 indicam que a pobreza multidimensional a nível nacional era de 53%, com maior incidência nas zonas rurais, cujos níveis situavam-se em 70%, contra 17% nas áreas urbanas.
Para Vasco Nhabinde, do Ministério das Finanças, "a mensagem que fica é que precisamos de melhorar a alocação dos recursos para as dimensões que têm maior impacto na vida das pessoas. Estamos a falar da educação, da saúde, e das condições de habitação".
Por seu turno, João Mosca observou que, apesar da percentagem da população pobre ter diminuído no país, aumentou o número de pobres.
"Cresce a população e menos população sai da pobreza. O número de pobres aumenta. Além disso, há grandes diferenças entre rural e urbano entre as zonas norte , centro e sul, entre desigualdades também das pessoas e desigualdades de território", explica o diretor do Observatório do Meio Rural.
Para o estado de pobreza e a sua evolução contribuem vários fatores, sublinha João Mosca, exemplificando com a fragilização do Estado, fragilidades na sociedade civil, na cidadania, no setor empresarial, nas relações entre empresas de capital interno e externo.
O diretor do Observatório frisa que a fragilidade do Estado manifesta-se, entre outras formas, pela dificuldade em adoptar, monitorizar e fazer cumprir as leis, os mecanismos de diálogo com a sociedade, os tipos de contratos celebrados com as multinacionais, o tipo de políticas aprovadas para o combate a pobreza e para o país tirar o máximo proveito dos seus recursos .
"A fragilidade não é só do Estado. É de todo o conjunto de atores económicos e sociais. Estamos numa fase de crescimento, mas continuamos muito frágeis", concluiu.