EMENTA: O tema do XX ENG, definido durante a 138 RGC (16 a 21 de julho de 2019, Belo Horizonte) é: “Brasil-Periferia: a Geografia para resistir e a AGB para construir”, com a seguinte ementa deliberada na mesma RGC:
“As conjunturas neoconservadoras e neoliberais que se desenham em escala mundo no primeiro quartel do século XXI têm se expressado de modo particular nas periferias do capitalismo mundial. A questão da periferia não se evidencia como localização, mas como condição de estar à margem do poder e na dependência ao centro capitalista, condicionando a reprodução das desigualdades socioeconômicas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras. Nesses termos, a condição periférica é uma realidade do Brasil em relação a sua posição na organização do capitalismo mundial, que reverbera na realidade produzida dentro de suas próprias fronteiras. Os fundamentos estruturais da sociedade capitalista e a colonialidade dão o tom dos discursos classistas, fascistas, racistas, machistas, homofóbicos, xenofóbicos e higienistas que têm se acentuado no campo de disputa da política contemporânea. A pandemia de Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, vem produzindo desde o início do ano de 2020 profundas mudanças não apenas de ordem epidemiológica e biomédica em escala global, mas também impactos sociais, econômicos, políticos, ambientais e culturais sem precedentes na história recente. Na América Latina, e em especial no Brasil, a partir da segunda década do século XXI, a democracia enfrentou inúmeros desafios. Com a emergência do cenário atual pandêmico, países que já enfrentavam profundos retrocessos democráticos, perda de direitos civis, trabalhistas, previdenciários, educacionais e de acesso aos bens básicos foram ainda mais afetados socioeconomicamente pela crise sanitária. Esse quadro alerta para a necessária defesa da Ciência contra o negacionismo, num contexto de desmontes da saúde pública e de inúmeros retrocessos circunscritos na nossa sociedade. Diante desse contexto, as dinâmicas educacionais, urbanas, agrárias e ambientais expõem contradições estudadas pela e por meio da ciência geográfica em suas diversas escalas, o que possibilita criar e fortalecer mecanismos de resistência às hegemonias político-econômicas. A geografia emerge enquanto campo de crítica social para questionar as estruturas hegemônicas, as subordinações imperialistas e sub-imperialistas, hierarquizações e normatizações que escondem as diversidades sob as quais nossa sociedade é construída e se reproduz. Na contramão dessa conjuntura neoconservadora e neoliberal, a Associação dos Geógrafos Brasileiros – enquanto entidade representativa e articuladora da Geografia – tem-se construído ao longo das décadas com uma base coletiva, através das Seções Locais e de seus Encontros Nacionais. Diante do avanço das práticas autoritárias, as formas horizontais de organização da AGB surgem como potencialidade de construção de lutas e resistências”.
Data: De 20 a 24 de julho de 2022