Tabatinga e a região do Alto Solimões são marcadas pela criminalidade. A região é uma das grandes rotas do tráfico de drogas internacional, por onde criminosos transportam grandes quantidades de entorpecentes pelo Rio Solimões. Da fronteira, as drogas são levadas para Manaus, depois distribuídas na capital e para outras regiões do Brasil e até enviadas para outros países. Tabatinga, centro dessa região, é diretamente afetada pelo clima hostil.
Esses criminosos que atuam nos rios e são conhecidos na região como piratas já fizeram inúmeras vítimas no Solimões. Roubos, furtos e até assassinatos são crimes cometidos com uso de embarcações rápidas e de forte armamento. Os piratas atacam outras embarcações e chegam a entrar em confronto com a polícia.
Apesar das fragilidades, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) afirma que existe efetivo policial atuando na região.
“Existe um trabalho integrado lá com a Prefeitura de Tabatinga e com as Forças Armadas na Operação Fronteira Segura. Não estava tendo esse problema anteriormente e não sei porque cargas d’água estamos tendo agora. Estamos aí, prontos para dar resposta caso seja necessário”, declarou o coronel Amadeu Soares, secretário de Segurança Pública, questionado sobre a instabilidade na região.
Economia
Tabatinga e as outras cidades da região sobrevivem do pequeno comércio, mas, principalmente, do repasse de recursos do Estado e da União.
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Tabatinga é de 0.616. Menor ainda são os IDHs de Santo Antônio do Içá (0.490), São Paulo de Olivença (0.521), Tonantins (0.548), Amaturá (0.560) e Benjamin Constant (0.574), que são municípios que integram o Dsei Alto Rio Solimões.
O IDH é um índice medido anualmente pela ONU e utiliza indicadores de renda, saúde e educação, variando de 0 a 1 – quanto mais próximo de um, mais desenvolvida é a cidade.
Distrito Indígena sem nenhum inscrito
Em outra região do Amazonas, que abrange os municípios de Lábrea e Tapauá, no Sul do estado, funciona outro distrito especial indígena. Foram ofertadas sete vagas para médicos no Dsei Médio Rio Purus e nenhuma delas foi preenchida na primeira etapa do edital do Mais Médicos.
Um dos fatores que podem ter afastado os médicos de Lábrea é a instabilidade entre povos indígenas e demais habitantes da região. Entenda o por quê:
- A cidade é palco de conflitos armados e alvo da grilagem de terras.
- O estopim para cenário de instabilidade foi assassinato de três homens nas proximidades da Rodovia Transamazônica, em dezembro de 2013. Um grupo de índios da etnia Tenharim é acusado de matar os três amigos que viajavam pela rodovia e cruzaram a reserva indígena.
- Lá, em área cercada por campos de pastagem, fazendeiros e madeireiros queimaram casas em uma aldeia.
Aldeia dos índios Tenharim, em Humaitá, no Sul do Amazonas — Foto: Larissa Matarésio/G1 AM
Em dezembro do ano passado, três agricultores do Movimento Sem Terra (MST) desapareceram na divisa entre Rondônia e Amazonas. O ex-brigadista do Instituto Chico Mendes, Flávio Lima de Souza; a vice-presidente da associação de moradores da zona rural Marinalva Silva de Souza e o sitiante Jairo Feitosa Pereira estão desaparecidos na selva, na região do Distrito de Açuanópolis, no município de Canutama, a 615 km de Manaus e que faz limite com Lábrea. Dois fazendeiros são suspeitos de envolvimento de sumiço dos agricultores.