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No mundo contemporâneo, o tema da alimentação “ecológica” tem sido cada vez mais discutido. Muitos estudos enfatizam aspectos técnicos e econômicos e colocam a produção agroecológica como oposta àquela convencional, que faz uso intensivo de agroquímicos. Este trabalho apresenta a trajetória de uma família de agricultores ecológicos – camponeses de origem pomerana – inseridos em uma comunidade em que a maior parte dos agricultores trabalha com a produção de fumo, em uma localidade rural do município de São Lourenço do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A coleta de dados deu-se através de etnografia realizada ao longo do ano de 2012. A partir da atenção às diferenças, especificidades e peculiaridades da família que se constituiu em principal interlocutora da pesquisa, são identificados elementos de um substrato cultural comum, que conecta família e comunidade. A análise mostra, assim, que tradição, religiosidade, cosmologias e significados do trabalho na terra dão base, mais que a rupturas entre dois modelos de produção, a elos de ligação entre aqueles que os praticam.